Óleo no Nordeste afeta toda a região

Todo o ecossistema do litoral brasileiro foi afetado e poderá levar anos para se recompor, se isso for possível algum dia

Manchas de óleo chegaram na Praia de Carneiros, em Pernambuco, no dia 18 (Clemente Coelho Júnior/Divulgação)

As manchas de óleo vindas do Oceano Atlântico já atingiram 233 praias do Nordeste segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA). 

Esse é o maior derramamento de petróleo em extensão da costa brasileira dos últimos trinta anos e o maior acidente ambiental da história do litoral do Brasil. As primeiras manchas surgiram na Paraíba, no dia 30 de agosto, contaminando uma área aproximada de 2.500 km². 

Origem do petróleo

Um estudo sigiloso realizado pela Marinha e pela Petrobras demonstrou que o piche encontrado nas praias é da Venezuela. A constatação foi possível ao comparar amostras que a Petrobras mantém em um centro de pesquisas na Ilha do Fundão. Entretanto, não há comprovada relação direta da Venezuela com o acidente.

Fontes: Ibama e Ministério do Meio Ambiente
Imagem via: Folha UOL

A principal hipótese é de que o vazamento seja resultado da ação criminosa de um navio fantasma. Isso porque, conforme a Marinha, o produto não é comprado por nenhum outro país. O culpado, quando descoberto, poderá pagar uma multa de até R$ 50 milhões, com base na Lei 9.605/1988, que pune condutas prejudiciais ao meio ambiente.

Vazamento de petróleo em Alagoas: mancha de óleo gigante aparece em Jarapatinga
Imagem: Felipe Brasil/Instituto do Meio Ambiente de Alagoas / Divulgação

Mobilização de limpeza das praias

Até o momento, centenas de toneladas já foram retiradas da areia. Várias instituições fizeram, e continuam fazendo, forças-tarefa para tentar eliminar a poluição. A Marinha, Ibama, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Petrobras e governos estaduais e municipais participaram das atividades. Além destas organizações, há voluntários auxiliando a remoção da substância, mas não de maneira apropriada.

É recomendado o uso de equipamentos de segurança e proteção individual, como botas de borracha e luvas, ao entrar em contato com o óleo. As autoridades, porém, afirmam não ter a quantidade necessária disponível e, por isso, há pessoas desprotegidas em contato com o produto. 

Especialistas dizem que o manuseio a longo prazo da matéria pode causar doenças respiratórias e problemas na pele. Isso ocorre porque há benzeno em sua composição, substância tóxica para o ser humano.

O óleo não afeta somente os homens. Os animais também sofrem com a contaminação do oceano. Testes foram realizados com peixes e mariscos e detectou-se vestígios de petróleo em seus organismos. Cientistas afirmam que é melhor evitar esse tipo de alimento até que novos testes sejam feitos para confirmar se a carne foi contaminada.